Relatório da excursão da aula prática apresentado ao professor Antonio Lindvaldo da Disciplina de História de Sergipe II, como atividade a distancia 2 do semestre 2011.1, realizada em 18 de junho de 2011, em Aracaju, no Bairro Industrial e no Cemitério dos Náufragos.
Discentes:
Rosalvo Peixinho da CruzMatrícula: 07201192
Ângelo Moisés Tavares Reis
Matrícula: 07201804
Matrícula: 07201804
Saímos de Poço Verde às 06h40min, com destino a Aracaju, a caravana do pólo de Poço Verde era composta de 12(doze) estudantes, chegamos ao mercado municipal às 09h40min, este que era o local de encontro com o professor e os alunos dos outros pólos, infelizmente por conta do atraso, uma vez que o horário combinado seria às 09h, não encontramos mais ninguém, ficamos desesperados, principalmente depois que tentamos ligar para a tutora Maria José e a mesma não atendia, depois de várias tentativas sem sucesso decidimos ir para o Bairro Industrial assim mesmo, já que nosso primeiro ponto de discussão seria lá, mas ao passarmos por vários pontos sem encontrar com o professor decidimos ir para a igreja de Santo Antônio, inclusive antes de chegarmos lá passamos em frente à sede do Clube de Futebol Confiança, que é um tradicional clube de Sergipe, que surgiu no período do projeto modernizador de Aracaju como forma de entretenimento e lazer.
Ao chegarmos a Igrejinha de Santo Antonio, descobrimos algo muito interessante, pois foi possível ver que foi justamente ali na Colina de Santo António no Povoado de Santo Antonio do Aracaju.Aqui nasce a capital sergipana, no dia 02 de março de 1855, foi celebrada a missa histórica votiva ao Espírito Santo, por ocasião da abertura da Assembléia Provincial que faria no dia 17 do mesmo mês e ano, pela resolução de número 413 do presidente Inácio Joaquim Barbosa a mudança da capital de São Cristóvão para o Povoado de Santo Antonio do Aracaju, elevado à categoria de cidade no mesmo ato. Isto é o que está escrito em uma placa na entrada da igreja.
Outra coisa também interessante para nosso estudo sobre a capital sergipana é que da frente da igreja é possível ver duas faces da cidade, a esquerda está o Bairro Industrial mostrando um aspecto mias simples, com casas residenciais, galpões, inclusive alguns com chaminés, lembrando justamente a origem do Bairro, e uma imponente ponte sobre o rio Sergipe.
Do lado mais a direita temos uma vista que mostra o avanço imobiliário e o desenvolvimento a que chegou a cidade com a modernidade atual.
Após as descobertas e fotografias fomos para a praça logo ao fundo da igreja de Santo Antônio, e, pensávamos em algum roteiro para visita a outros pontos uma vez que não tínhamos mais como encontrar o professor pelo menos até o almoço., de repente o colega Junior consegue contato com a tutora Maria José que nos deu sua localização.
Dirigimos-nos para debaixo da ponte que liga o Bairro Industrial à Barra dos Coqueiros, onde estavam todos, e nos juntamos a eles. Quando encontramos os professores, Antonio Lindvaldo e Luiz Antonio eles falavam da postura da elite com relação à Aracaju, com seu discurso de modernidade ou de cidade moderna que a mesma deveria ser, os defensores deste projeto usavam a seguinte metáfora: “Como uma ave branca que voa dos pântanos para o azul”. Com esta ânsia de fazer e transmitir a imagem de modernidade vai soterrando literalmente seu passado, desbastando os morros e aterrando os alagados, as populações que ali residiam eram expulsas, como pescadores, agricultores, em fim todos viram suas vidas e seus espaços transformados, as rotinas de pescadores e agricultores transformados agora em vida de operários nas fábricas que se instalavam.
O Professor Lindvaldo lembra que o discurso modernizador nega a existência de um passado e quer construir Aracajú como um símbolo de modernidade com grandes heróis como Tobias Barreto, Fausto Cardoso, Inácio Barbosa, etc., é assim que foi e continua sendo contada pela elite e sendo aceita pala sociedade sergipana, mas é preciso mostrar que existe outra história, pode-se citar como exemplo a população que vivia no Morro do Bonfim que foram expulsas, e, colocaram o morro abaixo e junto foi soterrado a memória cultural das pessoas que ali viviam, a exemplo podemos citar as rodas de capoeira, as rodas de sambas, os batuques, as “feiticeiras”, os vendedores de garrafadas, entre outros manifestações. O professor lembra que apostar no novo não nos dar segurança, nem apenas isto é sinônimo de grandeza, a cidade é grande porque tem passado e não apenas porque tem pessoas, é necessário ter pessoas com seus valores e não apenas prédios modernos habitados por pessoas sem memórias, sem histórias.O Bairro Industrial, que foi um dos núcleos principais na formação de Aracaju, era antes de se instalarem as indústria de tecidos e a aglomeração de trabalhadores uma área ocupada com casarões de veraneio da elite que se instalara em Aracaju para se usufruir e contribuir com o projeto modernizador, como ainda hoje pode-se encontrar casarões da época. À medida que a região foi sendo ocupada pelas fábricas e pelos trabalhadores e a bela paisagem foi sendo alterada, a elite foi abandonando a área como local de descanso e lazer. Assim como os antigos casarões, também ainda estão presente galpões das antigas fabricas. Aproveito para ressaltar que aqui acontece uma contradição do projeto modernizador, enquanto que Aracaju tinha que apresentar uma imagem de modernidade, no entanto até meados de 1920, os problemas estruturais e sociais eram muitas, ocupações desordenadas do espaço, moradias precárias, sem saneamento, gerando vários problemas de saúde, alto índices de mortalidade infantil, nas fábricas péssimas condições de trabalho e baixos salários.
Outro problema levantado foi as questões relacionadas à ordem pública, não apenas em Aracaju mas em todo estado sergipano. As comarcas não funcionavam por causa da jurisprudência, as cadeias tinham aspectos precários sem qualquer segurança pra manter alguém preso, os policiais eram mal preparados, e que não estavam para defender a população, mas, sim as fazendas, estes que por sua vez eram escolhidos pelos coronéis. Algo a ser ressaltado é que a população pobre temia a polícia devido às ações desta com relação à classe pobre; Com isso, pode-se afirmar que a polícia colaborou muito com o processo modernizador coibindo as ações da classe pobre. Os presidentes alegavam falta de recursos para ampliação do efetivo policial.
As 11h30min. Os professores nos convidaram para o retorno ao mercado, no trajeto mostraram alguns dos aspectos da arquitetura antiga conforme eles tinham mencionado nas suas falas anteriormente, como os casarões, os galpões das fábricas e as casas residenciais. Ao chegarmos ao mercado o professor Lindvaldo nos orientou que ficássemos a vontade para almoçar e que nos encontraríamos as 14:00horas na parte das ervas.
Após o almoço ao visitarmos as áreas do Mercado municipal, percebemos que o Mercado Municipal de Aracajú não é apenas um Mercado, mas, três. Sendo o primeiro o Mercado Antônio Franco tendo início sua construção em 1824 e concluídas em 1826, construído em estilo eclético é um dos mais expressivos exemplares da arquitetura de mercados preservados do país.
Com o crescimento da capital o mercado Antônio Franco não comportava mais o movimento da feira de Aracajú foi aí que na década de 40 foi construído um mercado auxiliar, com um estilo Neocolonial e singelo o Thales Ferraz é também um expressivo exemplar da arquitetura de mercados preservados do país.
Entre os mercados Thales Ferraz e o Mercado Governador Albano Franco está localizada a praça de eventos onde são realizados todos os anos a mais tradicional festa junina do estado de Sergipe. Nestes mercados encontram-se a venda desde artesanatos, comidas típicas da região, ervas, flores, carnes, animais, dentre tantas outras diversidades.
As 14h00min todos juntos novamente saímos em direção a orla, chegamos a um ponto que não deu mais para avançar de veículo, pois a pista esta interdita pelo fato de que o oceano está invadindo esta área e destruiu a pista. Ali fizemos uma parada e o professor Luiz nos falou de um episódio pelo qual passou o povo sergipano por ocasião da segunda guerra mundial. O fato é que três navios brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães no litoral sergipano, mais especificamente entre Estância e Aracaju, naquele período os corpos e vários objetos eram trazidos pelas marés até a praia, em toda esta extensão a maior parte dos corpos chegavam em estado de decomposição, muitos corpos não puderam ser identificados, e grande parte desse corpos foram sepultados em covas comuns, individuais ou coletivas ao lado da praia. Esta situação gerava um sentimento de medo e apreensão muito grande na população aracajuana, no entanto, parte da população pobre ia à praia para retirar dos corpos os objetos de valor, e outros pertences e objetos das cargas dos navios que as águas do oceano trazia. Estas atitudes resultaram em versos e ditos populares em que chamavam as pessoas que usavam estes objetos de “malafogados”.
Em seguida nos dirigimos ao cemitério dos Navios Náufragos dos navios mercantis Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo, chegando constatamos que o cemitério em 1972, ou seja, as mortes foram na década de 40 e só algumas décadas depois foi construído este cemitério pela marinha e pelo estado, durante o período da ditadura militar com o objetivo de manter viva a memória deste episódio que mexeu com o sentimento de nacionalidade, e, o governo militar queria exaltar este sentimento nos brasileiros.
As 16h15min. O professor agradeceu a todos e deu como encerrado este dia de aula prática, momento em que todos embarcaram de volta para suas localidades.